segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A Educação no Século XXI



(Por Jairo Francisco dos Santos)

“Quem navega à deriva sabe que há vida além dos mares nos mapas, além das bússolas, astrolábios, diários de bordas além das lendas dos monstros marinhos, dos mitos...” (autor Marcus Vinicius).

         Quando criança admirava muito minha mãe sair de casa carregada com aqueles mapas mundi, livros, cartilhas... Ficava sempre a admirar “nossa como minha mãe é importante”. Parecia que ela era a detentora de todo conhecimento do mundo e que ser educador era uma tarefa árdua, pois requeria muito esforço e dedicação. Afinal não era fácil aprender todos aqueles conteúdos para depois ensinar aos alunos.
          Ficava sempre a pensar que quando eu crescesse não teria dúvida, seria também um professor. Afinal, bastava aprender a utilizar todo aquele material que minha mãe já tinha produzido e tudo daria certo, pois os alunos de minha mãe sempre aprendiam direitinho aquilo que ela ensinava.
            Um certo dia, minha mãe desistiu daquilo tudo e resolveu se dedicar ao cultivo da terra que tinha obtido com dinheiro que havia recebido pelos seus oito anos de profissão. Nunca entendi direito a atitude de minha mãe, afinal eu me orgulhava tanto da sua profissão, pois de cultivar a terra todos meus vizinhos entendiam, mas ser professora era exclusividade dela.
Volta Grande, Caxambu do Sul (SC). Professora Maria Belonice Menoncin dos Santos com seus alunos da Escola Municipal Barra Bonita no ano de 1972.

Já crescido, numa daquelas tardes de longa conversa e chimarrão curto (digo chimarrão curto pelo pequeno tamanho da cuia de minha mãe), perguntei a ela o motivo de ter abandonado o magistério tão precocemente e fiquei surpreso com sua resposta “Olha... eu adorava ser professora. Tinha certeza que eu tinha nascido para aquilo. Entretanto, quando o governo disse que nós teríamos que trabalhar sobre sexo!!! Há!!! Não tive dúvidas... tô fora!!!”
         E foi assim que minha mãe deixou de ser professora. O motivo à razão “trabalhar sobre sexo”. Um tema que para ela, que fora educada nos princípios da moral e dos bons costumes, era um tabu.
            Mas o que está história de minha mãe tem a ver comigo? O que esta conversa com o meu passado tem a ver com SER EDUCADOR NO SÉCULO XXI? Talvez nada, talvez tudo.
         O orgulho de infância de ser filho da professora, somado as brincadeiras de escolinhas com o material de trabalho organizado pela minha mãe nos tempos de professora, tornou-me um educador.
Formado em Letras Português/Inglês, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e Mestrado em Educação.  Sou educador a mais de 12 anos. Estava com uma dúvida medonha. Vendo minhas poucas economias conseguidas com o meu salário de professor e compro uma pequena chácara e vou cultivar a terra, ou me  desafio buscar novos conhecimentos sobre Tecnologia na Educação (TIC) para me manter atualizado?
Quando criança parecia ser tão fácil ser professor. E de fato era. Mas agora com toda essa moda de computador, data show... E se não bastasse o governo envia para a escola aqueles computadorzinhos e quer que eu trabalhe com os famosos laptops.
Sinto-me igualmente a minha mãe, que há alguns anos atrás foi incumbida de trabalhar sobre “sexo”.  Tenho a sensação que aqueles laptops são igualmente aquelas esfinges que dizem “decifra-me ou te devorarei”.
         Não tive dúvida, vou em busca desse novo conhecimento. Não por estar convencido que apenas a utilização das novas tecnologias na educação vai por si só resolver problemas nevrálgicos no ensino brasileiro. Mas pelo simples fato de quando criança, não ter brincado de ser agricultor e não entender nada sobre o cultivo da terra.

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